Durante a reunião de 2025 do Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC), um dos momentos mais simbólicos foi protagonizado por Kristalina Georgieva, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI). Ela declarou que os conflitos comerciais globais, que antes apenas “borbulhavam”, agora “estão fervendo”. A fala definiu o tom de urgência e realismo do encontro em Washington, que reuniu líderes econômicos para debater os principais desafios da economia global em um cenário de desaceleração, incertezas e crescentes tensões geopolíticas.
Maior Representatividade Global: África Subsaariana Ganha Espaço
Um dos destaques da reunião foi a entrada oficial do terceiro representante da África Subsaariana no IMFC, elevando o número de membros para 25. Para Mohammed Al-Jadaan, presidente do comitê e ministro das Finanças da Arábia Saudita, o movimento representa “um marco importante que reforça a representatividade africana na governança econômica internacional”.
Tensões Comerciais e Crescimento Global em Risco
Al-Jadaan alertou que as tensões comerciais globais estão gerando “volatilidade nos mercados e riscos reais ao crescimento e à estabilidade financeira internacional”. Ele destacou a importância de diálogos francos entre os países, promovidos em espaços de confiança onde se possa discutir abertamente os impactos das decisões econômicas.
Georgieva reforçou a necessidade de visões compartilhadas para encontrar soluções multilaterais. Segundo ela, o papel do FMI é justamente “fornecer dados e análises que ajudem os países a enxergar além de suas próprias perspectivas e a promover conversas mais significativas”.
Sinais de Otimismo e Reformas Estruturais
Apesar dos desafios, o encontro também evidenciou sinais de otimismo. Georgieva destacou que a semana terminou com mais confiança na capacidade dos países de transformarem obstáculos em oportunidades. Ela elogiou o compromisso de várias nações com reformas internas, fortalecimento da resiliência econômica e estratégias para crescimento sustentável de médio e longo prazo.
Mercados Emergentes e o Desafio do Espaço Fiscal
A atenção aos mercados emergentes foi outro ponto central. A previsão de crescimento para esses países caiu para 3,7% em 2025, refletindo o impacto de choques externos e a limitação do espaço fiscal. Ainda assim, Georgieva reconheceu avanços na maturidade e agilidade das políticas econômicas dessas economias. “Muitas desenvolveram uma espécie de imunidade após enfrentarem diversos testes seguidos”, afirmou.
Reconstrução Institucional da Síria
O caso da Síria recebeu atenção especial com uma proposta de reconstrução institucional baseada em apoio técnico e capacitação estatal. Georgieva enfatizou que não se trata apenas de recursos financeiros, mas de reconstruir elementos essenciais como política fiscal, arrecadação tributária e o funcionamento do banco central sírio. O FMI já nomeou um chefe de missão para o país, marcando um passo simbólico após anos de distanciamento.
Fique de olho: Crescimento Sustentável e Reestruturação Econômica
A reunião do IMFC 2025 foi encerrada com um recado direto de Georgieva aos países em desenvolvimento: “Vocês não sairão do endividamento com mais endividamento. É por meio do crescimento econômico, reformas estruturais e foco em produtividade e instituições sólidas que construiremos um futuro sustentável”. Ela reforçou que o FMI está pronto para apoiar essa transição com clareza, ferramentas adequadas e vontade coletiva.
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Produzido por Gabriela Viana, Diretora de Branding e Comunicação da Galapagos Capital.