Revigorando o Dinamismo da Europa

O crescimento da Europa segue abaixo do seu potencial devido à entraves estruturais persistentes que limitam a produtividade, a inovação e a integração econômica. Apesar de o mercado único ter sido um motor de convergência nas últimas décadas, ele ainda não atingiu sua plenitude. 

Pequenas e médias empresas inovadoras enfrentam barreiras significativas para escalar suas operações — fragmentação regulatória, dificuldade de acesso a financiamento, baixa mobilidade laboral e altos custos de energia reduzem a competitividade e a capacidade de gerar campeãs europeias em tecnologia e inovação.

Esses obstáculos se refletem na estagnação do potencial de crescimento europeu, hoje em torno de apenas 1% ao ano. Enquanto os Estados Unidos continuam a criar grandes empresas de tecnologia, a Europa carece de um ambiente regulatório e financeiro que permita o florescimento de firmas dinâmicas.

A agenda recomendada para reverter esse quadro passa por duas frentes complementares: profundar o mercado único e fortalecer o orçamento europeu (Multiannual Financial Framework – MFF).

Na primeira frente, o foco deve ser eliminar barreiras à integração econômica. Isso inclui a criação de um regime jurídico comum e voluntário para operações transfronteiriças, simplificando regras e reduzindo incertezas; o desenvolvimento de mercados de capitais mais profundos, com maior participação de investidores em capital de risco; a digitalização da mobilidade laboral, com reconhecimento automático de qualificações e portabilidade de benefícios; e o avanço na interconexão energética e nos investimentos em energia renovável, reduzindo custos e fortalecendo a competitividade industrial. 

Modelagens do FMI indicam que reformas nessas quatro áreas poderiam elevar o PIB da União Europeia em até 3% ao longo da próxima década, mais que dobrando seu crescimento potencial.

Na segunda frente, o orçamento europeu precisa ser repensado para apoiar investimentos estratégicos e coordenar reformas nacionais. O MFF deve dobrar sua parcela voltada a bens públicos europeus, defesa coletiva, energia limpa e inovação, aumentando o investimento de 0,4% para cerca de 0,9% da renda nacional bruta da UE. Isso requer uma expansão de 50% no tamanho do orçamento e o uso de emissão conjunta de dívida europeia como instrumento regular de financiamento, além da criação de novas fontes de receita ligadas a políticas de integração, como taxas sobre emissões de carbono ou infraestrutura transfronteiriça.

Por fim, recomenda-se vincular o repasse de fundos ao desempenho das reformas, substituindo a lógica de elegibilidade burocrática por incentivos a resultados concretos.

Em síntese, o crescimento europeu abaixo do potencial decorre da fragmentação regulatória, da limitação de financiamento e da falta de coordenação fiscal e orçamentária. A agenda proposta de integração profunda, investimento conjunto e governança baseada em resultados busca transformar o mercado único em um verdadeiro motor de inovação, produtividade e resiliência, reposicionando a Europa como potência econômica global.

Produzido por Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital

DISCLAIMER

A presente Nota Macroeconômica (“Nota”) foi elaborada pelo economista-chefe da Galapagos Capital Investimentos e Participações (“Galapagos”) e não se configura como um relatório de análise para fins de Resolução CVM nº 20, de 25 de fevereiro de 2021. Neste sentido, a Galapagos destaca que a Nota reflete única e exclusivamente as opiniões do economista-chefe em relação ao conteúdo apresentado. 

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