Política monetária na era do tarifaço, mudanças estruturais e choque de oferta é o novo contexto enfrentado por bancos centrais ao redor do mundo. Nos últimos anos, uma sequência de eventos — pandemia, crise energética, guerras e novas tarifas — tornou a condução da política econômica mais complexa e desafiadora.
Durante o painel que reuniu especialistas como Javier Bianchi (Fed de Minneapolis), Kristin Forbes (MIT), Gediminas Simkus (BC da Lituânia) e Axel Weber (Center for Financial Studies), ficou claro que a resposta inicial à inflação em 2021-2022 foi tardia. Essa lentidão se deveu, em grande parte, à confiança excessiva nas expectativas inflacionárias, modelos desatualizados e à rigidez imposta por políticas anteriores como o forward guidance.
Apesar do atraso, a reação posterior foi eficaz: a inflação recuou sem causar grande prejuízo à atividade econômica. No entanto, os preços permaneceram mais altos, afetando o poder de compra e influenciando o cenário político em diversas regiões.
Tarifas e suas Implicações: EUA vs Europa
A discussão destacou a importância de adaptar a política monetária à natureza dos choques. Para os Estados Unidos, a recomendação predominante é manter os juros elevados para preservar a ancoragem das expectativas, embora Bianchi defenda cortes preventivos para evitar uma recessão. Já na Europa, o impacto tarifário tende a ser interpretado como um choque de demanda, o que abriria espaço para reduções de juros sem riscos inflacionários significativos.
Novos Pilares para a Política Monetária
Diante desse novo cenário, três elementos se tornam fundamentais para uma atuação mais eficaz: Agilidade: adaptar rapidamente instrumentos e estratégias. Julgamento discricionário: reconhecer os limites dos modelos e agir com base em experiência e contexto. Credibilidade: garantir a independência institucional e manter o foco na estabilidade de preços.
Fique de olho
Os especialistas alertam que a política monetária, sozinha, não basta. A coordenação com a política fiscal será essencial, especialmente na Europa, onde o BCE tem arcado com um peso excessivo. Em um ambiente de choques persistentes e transformações estruturais, flexibilidade, análise contextual e coordenação interinstitucional serão os diferenciais das economias que desejam atravessar esse novo ciclo com mais estabilidade.
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Produzido por Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital