Coletiva de Imprensa: World Economic Outlook (Perspectivas da Economia Mundial)

O crescimento global mostra resiliência seletiva em meio a um ambiente de choques recorrentes — tensões comerciais, tarifas, volatilidade cambial e riscos geopolíticos têm reconfigurado o comércio e a produção mundial. A tecnologia, impulsionada pela inteligência artificial, sustenta o investimento nos Estados Unidos e em parte das economias avançadas, enquanto outros setores e regiões enfrentam desaceleração.

Nos Estados Unidos, a expansão de cerca de 2% é sustentada por consumo robusto e investimento em tecnologia, mas o choque negativo de oferta no mercado de trabalho — causado pela redução da mão de obra imigrante — pressiona custos e limita o crescimento potencial. As tarifas de importação atuando como choque de oferta também, restringindo a produtividade e elevando o risco inflacionário.

Nesse contexto, o FMI recomenda cautela na flexibilização monetária ( redução devjuros) e reforço do processo de consolida fiscal ( estabilização/ redução do endividamento público) para enfrentar choques futuros.

A expectativa para a Europa é que o crescimento permanece moderado e desigual. Para o Reino Unido é recuperação acima da média do G7 com a inflação mais alta do grupo, em torno de 3,4% neste ano, refletindo choques regulatórios, custos trabalhistas crescentes e efeitos residuais dos preços de energia. O FMI defende prudência no ritmo de cortes de juros e coordenação entre política fiscal e monetária para ancorar expectativas. A região também se beneficia da reconfiguração do comércio global, com maior participação em fluxos triangulados entre Ásia e América do Norte.

A avaliação é aue modelo de crescimento de China segue dependente das exportações, enquanto a demanda interna e o investimento imobiliário permanecem frágeis. O excesso de oferta no setor manufatureiro e a queda dos preços de exportação indicam limites à absorção global. O FMI recomenda reequilibrar o crescimento em direção ao consumo e à produtividade doméstica, reduzindo vulnerabilidades externas e fortalecendo a confiança do setor privado.

Para os mercados emergentes, a opinião do FMI é que a depreciação do dólar entre janeiro e maio aliviou pressões financeiras e inflacionárias, sobretudo em países com dívida em moeda estrangeira. Egito e Nigéria tiveram revisões positivas de crescimento: o primeiro, impulsionado por manufaturas não petrolíferas, turismo e telecomunicações; o segundo, por rebaseamento do PIB, câmbio valorizado, maior produção de hidrocarbonetos e melhora nas condições de segurança. O FMI destaca a importância de câmbios flexíveis e políticas monetárias calibradas às condições domésticas.

Para a América Latina, as diretrizes se alinham às dos emergentes: i) preservar buffers fiscais, ii) manter flexibilidade cambial e iii) priorizar fontes internas de crescimento.

O Fundo ressalta a necessidade de fortalecer a produtividade e o investimento privado em infraestrutura, educação e tecnologia, de modo a reduzir a vulnerabilidade aos ciclos externos de commodities e juros.

Para o mercado de energia e commodities, o FMI projeta um cenário condicionado à evolução geopolítica. A retomada parcial da produção em exportadores de petróleo e a redução das cotações beneficiam economias importadoras, enquanto a incerteza relacionada a conflitos mantém o risco de volatilidade. Choques energéticos continuam sendo um canal central de transmissão de riscos para a inflação e o crescimento global.

Em relação ao comércio internacional, as tarifas impostas recentemente não reduziram o volume agregado, mas alteraram profundamente suas rotas. O comércio global tem se mantido estável em proporção ao PIB, porém mais complexo e regionalizado. A nova matriz comercial reflete menor troca direta entre Estados Unidos e China e aumento de fluxos indiretos por Europa e Ásia. O FMI recomenda diversificação de parceiros, fortalecimento institucional e transparência nas cadeias globais de valor.

Tabela 1: Projeções de Crescimento da Perspectiva Econômica Mundial

DISCLAIMER

A presente Nota Macroeconômica (“Nota”) foi elaborada pelo economista-chefe da Galapagos Capital Investimentos e Participações (“Galapagos”) e não se configura como um relatório de análise para fins de Resolução CVM nº 20, de 25 de fevereiro de 2021. Neste sentido, a Galapagos destaca que a Nota reflete única e exclusivamente as opiniões do economista-chefe em relação ao conteúdo apresentado. 

O objetivo meramente informativo da Nota não deverá ser interpretado como uma oferta ou solicitação de oferta para aquisição de valores mobiliários ou a venda de qualquer instrumento financeiro. Este material não leva em consideração os objetivos, planejamento estratégico, situação financeira ou necessidades específicas de qualquer investidor em particular. 

A Galapagos também destaca que as informações contidas na Nota foram obtidas por meio de fontes públicas consideradas seguras e confiáveis na data em que o material foi divulgado. Entretanto, apesar da diligência na obtenção das informações apresentadas, as projeções e estimativas contidas na Nota não devem ser interpretadas como garantia de performance futura pois estão sujeitas a riscos e incertezas que podem ou não se concretizar. Neste sentido, a Galapagos não apresenta nenhuma garantia acerca da confiabilidade, exatidão, integridade ou completude (expressas ou não) dessas mesmas informações abordadas. 

A Galapagos não se obriga em publicar qualquer revisão ou atualizar referidas projeções e estimativas frente a eventos ou circunstâncias que venham a ocorrer após a data deste documento. Ademais, ao acessar o presente material, o interessado compreende dos riscos relativos ao cenário macroeconômico abordado nesta Nota. 

Por último, a Galapagos e/ou qualquer outra empresa de seu grupo econômico não se responsabiliza por qualquer decisão do investidor que forem tomados com base nas informações aqui divulgadas, nem por ato praticado por profissionais por ele consultados e tampouco pela publicação acidental de informações incorretas. A Galapagos informa que potenciais investidores devem buscar aconselhamento financeiro profissional sobre a adequação do investimento em valores mobiliários ou outros investimentos e estratégias discutidas

Produzido por Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital

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