FMI 2025: principais riscos e o que o mercado precisa observar
Empresas Zumbis: crescimento silencioso, risco crescente
As chamadas “empresas zumbis” — companhias ineficientes, com baixa produtividade e incapazes de gerar lucro suficiente para pagar seus encargos — representaram 10% das empresas listadas em bolsa em 2023.
Apesar de parecer um número pequeno, o crescimento expressivo desde o início dos anos 2000 acende um alerta para os impactos na alocação de capital e no equilíbrio dos balanços bancários.
Durante períodos de recessão, essas empresas podem amplificar choques, travar investimentos e se tornarem um vetor sistêmico de instabilidade.
Refinanciamento corporativo e o impacto dos juros altos
Outro ponto crítico está no aumento das necessidades de refinanciamento das empresas em meio a juros elevados.
Empresas com maior dependência de rolagem de dívida são as mais afetadas — enfrentando custos maiores, queda no investimento e efeitos negativos persistentes por até dois anos.
Esse cenário cria uma espiral de fragilidade: menos investimento, menos crescimento, maior risco de inadimplência, ampliando assim os impactos de uma desaceleração econômica.
Estresse corporativo e os riscos ao sistema financeiro
A combinação de menor demanda e juros altos aumenta o risco de estresse generalizado no setor corporativo.
O FMI alerta que, nesse contexto, os colchões de capital dos bancos — tanto em economias avançadas quanto emergentes — podem ser severamente comprometidos.
Nos mercados emergentes, o risco é ainda maior devido à maior dependência de crédito bancário, altas taxas de inadimplência e à fragilidade jurídica.
Crescimento do mercado de capitais e volatilidade no financiamento
Com os bancos mais seletivos, o mercado de capitais tem ganhado protagonismo no financiamento corporativo. Em 2022, respondeu por 40% do crédito sindicalizado global.
Por outro lado, essas fontes são mais voláteis e atuam em ambientes menos regulados, o que pode elevar os riscos em momentos de tensão.
A importância dos sistemas legais diante da crise de dívida
Países com estruturas legais fracas enfrentam maior dificuldade para resolver crises corporativas.
Processos mais longos e caros reduzem os retornos dos credores e dificultam a reorganização produtiva.
O FMI apresentou um indicador de prevenção de crises, com cinco pilares: liquidação, reorganização, reestruturação híbrida, previsibilidade e segurança jurídica.
O objetivo é reduzir a sobrecarga do judiciário e tornar os processos mais eficientes e confiáveis.
Conclusão: o que está em jogo
As principais ameaças identificadas pelo FMI incluem o crescimento das chamadas empresas zumbis, a crescente pressão do refinanciamento corporativo, o risco de crédito associado aos financiamentos obtidos por meio do mercado de capitais e a fragilidade dos sistemas legais.
Como resposta, o fundo defende ações coordenadas: ampliação de dados sobre crédito, fortalecimento dos sistemas de insolvência e supervisão mais robusta.
Na Galapagos, acompanhamos de perto os movimentos macroeconômicos que moldam o cenário de investimentos — porque proteger e evoluir patrimônio exige mais do que interpretar dados.
Exige entender os sinais do tempo e agir com visão.
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Produzido por Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital