Durante a edição mais recente da Money Week — um dos principais eventos de educação financeira do país — nosso fundador, Carlos Fonseca, compartilhou sua visão sobre como as grandes fortunas investem. A conversa revelou os bastidores do dinheiro de verdade: aquele que movimenta patrimônios relevantes e exige inteligência estratégica, visão macro e gestão de risco.
Poucos sabem, mas entre os ultra-ricos não há espaço para modismos ou impulsos. A lógica é clara: construir e preservar valor exige disciplina e estrutura.
Fonseca costuma dizer que existem apenas duas classes de ativos no mundo: renda fixa e renda variável. Todo o resto é derivativo disso. E é justamente nesse olhar direto e estruturado que grandes fortunas se constroem — e se preservam.
Renda fixa como alicerce patrimonial
A maioria das grandes fortunas do mundo se ancora, em parte significativa, na renda fixa. Ela continua sendo o alicerce para quem busca previsibilidade, proteção e retorno real, especialmente em ambientes de juros elevados como o que vivemos hoje.
Navegar nesse cenário, no entanto, exige mais do que apetite. Exige conhecimento técnico, visão de ciclo e leitura macroeconômica refinada. Com a inflação sob controle e a perspectiva de um ciclo de queda dos juros em 2025, o momento é de atenção e posicionamento.
O segredo das grandes fortunas: assimetria e disciplina
Enquanto o investidor comum se pergunta se é hora de entrar ou sair da bolsa, os detentores de grandes fortunas buscam assimetrias — oportunidades onde o retorno supera com inteligência o risco assumido.
Fonseca destaca três caminhos estratégicos que têm atraído esses investidores:
1. Títulos públicos com prêmio relevante (como NTN-Bs) — valorizados por sua previsibilidade e indexação à inflação.
2. Crédito estruturado e operações pré-estabilizadas — especialmente para o público de alta renda que busca oportunidades com maior retorno.
3. Ativos alternativos selecionados — como real estate, infraestrutura, mineração e crédito privado, que devem ganhar ainda mais protagonismo nos próximos anos.
Estamos apenas na casa 2
Segundo Fonseca, o mercado de capitais brasileiro ainda está em estágio inicial. A concentração bancária e o acesso limitado do investidor final a boas estruturas dificultam a evolução natural da alocação de capital no país.
“Hoje, mais do que intermediar, é preciso ter coragem de ser risk taker. De conectar quem precisa de capital com quem tem capital. Esse é o papel que instituições como a Galapagos devem cumprir.”
Uma tese de longo prazo: armazenamento de energia
Fonseca também trouxe uma tese de futuro com alto potencial: o armazenamento de energia. O Brasil tem uma matriz limpa e poderosa, mas ainda peca em infraestrutura para armazenar e redistribuir essa energia.
“Há gargalos reais em regiões com alta produção e baixa capacidade de armazenamento. Storage é infraestrutura com retorno e com impacto. Uma tese que une lógica financeira e vocação nacional.”
Conselho final
“Estude o risco, não a euforia. E, acima de tudo, busque conhecimento de verdade. Cuidado com o que se consome nas redes sociais. Esteja próximo de casas confiáveis, com histórico, que realmente entendem o que estão fazendo. A construção de uma grande fortuna passa, antes de tudo, por boas escolhas.”
Por Rebeca Nevares, sócia e CMO da Galapagos Capital