A avaliação é que a região entra em um ciclo eleitoral intenso, marcado por um desejo crescente de estabilidade e descrença nas instituições, o que tende a favorecer candidatos de perfil mais conservador ou antiestablishment. A busca por ordem e previsibilidade domina a agenda política — um sentimento que fragiliza governos em exercício e reforça o espaço de candidatos que se apresentem como agentes de estabilidade, ainda que com diferentes nuances ideológicas.
Na Argentina, a eleição legislativa no final de outubro é vista como um teste crucial para Javier Milei. Seu governo enfrenta desgaste, com aumento das preocupações com corrupção, desemprego e inflação. Apesar de algum alívio recente e de apoio dos EUA, o consenso é de que isso dificilmente se traduzirá em votos. As pesquisas de opinião pública apontam para um resultado fraco – algo em torno de 36% a 37% dos votos – o que enfraqueceria Milei politicamente e tornaria mais difícil a aprovação de reformas. O pleito deve consolidar uma reconfiguração do sistema partidário argentino, mas sem garantir estabilidade para o governo.
No Brasil, a percepção é de que o mercado superestimou a chance de uma “eleição de mudança” em 2026. Apesar da desaceleração econômica, Luiz Inácio Lula da Silva chega como leve favorito, sustentado por aprovação próxima de 47% – 48%, acima do limiar global em que incumbentes costumam vencer (40%). O alívio da inflação de alimentos, programas sociais e medidas populistas ajudam a sustentar essa vantagem.
Principais desafios são: i) a fadiga eleitoral de Luis Inacio Lula da Silva em sua quarta disputa presidencial e ii) o desejo difuso de estabilidade, hoje associado a temas como segurança e ordem, que favorecem o campo oposicionista. Ainda assim, a eleição tende a ser equilibrada num país dividido 50/50. A candidatura de Tarcísio de Freitas, caso apoiada por Bolsonaro, é vista como a mais competitiva, mas o efeito desse endosso seria limitado.
Na Colômbia, o presidente Petro enfrenta forte rejeição, com aprovação em torno de 30%. Isso abre espaço para uma virada conservadora nas próximas eleições em abril, embora reste dúvida se esse movimento será capturado por um candidato tradicional de centro-direita ou por um novo outsider de perfil mais radical.
Por fim, no Chile, a disputa de novembro promete ser apertada, mas o clima social e econômico favorece a direita. A demanda por estabilidade, somada à perda de apoio da esquerda, torna provável uma vitória de José Antonio Kast ou de outro nome conservador.
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