Foco, disciplina e cooperação: as chaves para o novo ciclo global, segundo Kristalina Georgieva, diretora-geral do FMI

“É hora de colocar a casa em ordem”. Foi assim que a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, definiu o atual momento do panorama mundial. Durante a apresentação da Agenda de Políticas do Fundo Monetário Internacional, em Washington, nos Estados Unidos, Georgieva afirmou que o cenário econômico global continua desafiador, e os países precisam agir com disciplina fiscal, coordenação multilateral e reformas estruturais para fortalecer a resiliência.

“Lidar com os trade-offs (entre pressões inflacionárias e atividade econômica) será difícil para todos, mais ainda para países de baixa renda. É preciso proteger investimentos estratégicos, reconstruir reservas e aumentar a eficiência dos gastos”, disse.

O alerta veio em meio à crescente preocupação com o enfraquecimento das perspectivas de crescimento global. Segundo o FMI, tensões comerciais, inflação persistente e riscos geopolíticos estão impondo uma nova realidade, na qual o crescimento deve vir acompanhado de maior capacidade de absorver choques.

O painel também abordou o debate sobre a atuação do FMI em áreas como clima, equidade de gênero e questões sociais. O discurso de Georgieva foi mais técnico, mas com recados políticos claros. Em resposta a críticas recentes do governo americano de que o FMI assume “missões paralelas” ao abordar temas como clima e equidade de gênero, a diretora defendeu que o órgão mantém sua missão central — garantir a estabilidade macroeconômica e financeira — mas reconheceu que vulnerabilidades modernas, como eventos climáticos extremos, afetam diretamente o balanço de pagamentos de muitos países e que, por isso, não podem ser negligenciados nas discussões.

“Quando países do Caribe são devastados por eventos climáticos, a pergunta é: como podemos ser mais resilientes? É disso que estamos falando. Eu quero dizer que, na verdade, concordo com o secretário em uma coisa. É um mundo muito complicado, um mundo com enormes desafios de todos os tipos. Somos uma instituição pequena, mas uma instituição com muita disciplina fiscal. Nosso orçamento hoje, em termos reais, é o mesmo de 20 anos atrás. Então sim, precisamos focar — e é exatamente por isso que nos engajamos com os países-membros, para que possamos fazer o melhor uso da equipe e dos recursos do Fundo”, explicou.

China, Argentina e África: o que esperar

A China teve sua projeção de crescimento revisada de 4,6% para 4%. O FMI reconheceu os esforços recentes de estímulo, mas reforçou a necessidade de um reequilíbrio estrutural da economia: com mais consumo doméstico, menos intervenção estatal e uma solução definitiva para o setor imobiliário.

No caso da Argentina, o tom foi positivo. Georgieva elogiou a atual política econômica e a redução da inflação e da pobreza. “Desta vez, parece haver determinação genuína em colocar a economia nos trilhos”, afirmou Georgieva. 

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Já no continente africano, o diagnóstico foi misto. Embora a exposição direta aos choques globais seja menor, os impactos indiretos, como queda em exportações e pressão sobre orçamentos, exigem respostas firmes. O FMI defendeu avanços em arrecadação, digitalização e comércio intra-regional como pilares de médio prazo.

“A má conduta em um país ainda respinga sobre o continente todo. É preciso construir reputação, ampliar a base tributária com tecnologia e integrar comércio regional”, pontuou. As mesmas recomendações valem para países como Nigéria, Gana e Egito: não há mais espaço para improviso.

Fique de olho:

As discussões indicam que investidores profissionais devem ajustar suas expectativas. O ciclo atual não é de aceleração, mas de realinhamento. Países que estão promovendo reformas fiscais, modernização regulatória e integração regional devem sair na frente — especialmente em setores como infraestrutura, digitalização financeira e transição energética.

“O mundo continua incerto, mas já há sinais de quais economias estão se preparando para crescer com qualidade”, finalizou Georgieva.

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Produzido por Gabriela Viana, Diretora de Branding e Comunicação da Galapagos Capital.

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