Como o FMI Contribui para o Restabelecimento do Acesso ao Mercado Internacional de Capitais

Evidências revelam impacto positivo dos programas do FMI na recuperação da confiança dos investidores

FMI Contribui para o Restabelecimento do Acesso ao Mercado Internacional de Capitais. Um novo estudo apresentado durante painel trouxe recente evidências empíricas robustas sobre a influência dos programas do Fundo Monetário Internacional (FMI) na redução do custo de financiamento externo e na retomada do acesso ao mercado internacional de capitais por países em crise. A análise se baseou em 87 acordos firmados nos últimos 20 anos e revela uma tendência clara: os spreads soberanos caem, em média, 45% nos quatro anos que seguem a aprovação de um programa com o FMI.

Dois canais principais: liquidez e sinalização de compromisso

Segundo o FMI, esse efeito positivo ocorre por meio de dois mecanismos principais:

  • Liquidez: o FMI atua como credor de última instância, oferecendo recursos que aliviam pressões imediatas de caixa.
  • Condicionalidade: ao aderir a um programa, o país sinaliza ao mercado um compromisso com reformas estruturais, o que melhora a percepção de risco e aumenta a confiança dos investidores.

Qualidade da execução é mais importante que o tamanho do programa

Contrariando uma percepção comum, o sucesso na recuperação do acesso aos mercados não está necessariamente relacionado ao tamanho do programa firmado com o FMI. O fator determinante é a qualidade da execução das reformas acordadas. Programas maiores, geralmente associados a crises mais severas, nem sempre alcançam o mesmo sucesso na redução dos spreads se comparados a programas menores ou medianos bem implementados.

De acordo com Joe Kogan, do Departamento de Mercados Monetários e de Capitais do FMI, “programas bem-sucedidos geram uma queda de spreads até três vezes maior que os mal sucedidos, reforçando a importância da execução e da credibilidade das reformas”.

Fatores que impulsionam o retorno ao mercado

Além da adesão a um programa do FMI, alguns fatores foram identificados como fundamentais para facilitar o restabelecimento do acesso ao crédito internacional:

  • Redução da relação dívida/PIB
  • Melhoria na eficácia governamental
  • Crescimento do PIB real
  • Condições financeiras globais favoráveis
  • Implementação de reformas estruturais junto ao acordo com o FMI

O FMI destaca ainda que os upgrades na classificação de risco soberano costumam ocorrer quando o programa é combinado com medidas internas, como consolidação fiscal e reestruturação da dívida. Ou seja, o apoio da instituição reforça, mas não substitui os esforços domésticos.

Riscos e cuidados: evitar novo ciclo de endividamento

Em resposta à Galapagos Capital, Joe Kogan ressaltou que o FMI está atento aos riscos de que o retorno ao mercado internacional leve a um novo ciclo de endividamento excessivo. Para isso, a instituição tem priorizado medidas como:

  • Apoio à transparência da dívida
  • Monitoramento contínuo de riscos
  • Avaliações rigorosas de sustentabilidade da dívida
  • Evitar sinalizações que possam ser interpretadas como garantias implícitas

Conclusão: programas do FMI funcionam quando fazem parte de uma estratégia nacional sólida

A principal mensagem do FMI é clara: os programas de apoio são eficazes quando fazem parte de uma estratégia macroeconômica abrangente, ancorada em compromissos domésticos sólidos e voltada à construção de credibilidade. O sucesso está menos na quantidade de recursos e mais na seriedade com que cada país encara sua trajetória de reequilíbrio fiscal e institucional.

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Produzido por Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital 

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