O Relatório de Estabilidade Financeira Global 2025, divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), trouxe insights valiosos sobre os principais desafios e estratégias para fortalecer a resiliência financeira global, especialmente em economias emergentes. A mensagem central é clara: prevenir crises é mais eficiente e menos custoso do que remediá-las.
A importância da prevenção na estabilidade financeira
O painel Global Financial Stability, promovido pelo FMI, destacou que investir em prevenção deve ser prioridade para governos, bancos centrais e instituições financeiras. O foco está em três pilares principais:
- Estrutura regulatória robusta
- Transparência no sistema financeiro
- Fortalecimento institucional
Essas diretrizes são especialmente urgentes para países de baixa renda e mercados emergentes, onde a vulnerabilidade a choques externos é maior.
Finanças mistas: o papel estratégico do blended finance
Outro ponto de destaque do relatório foi a importância de consolidar uma narrativa forte sobre o uso de finanças mistas (blended finance) — modelo que combina recursos públicos e privados para financiar projetos com impacto social, ambiental e econômico.
Contudo, o relatório do FMI alerta para os obstáculos que esse modelo enfrenta, especialmente em um cenário de juros elevados:
- Dificuldade na mobilização do setor privado;
- Aumento do custo de capital, que reduz a atratividade dos projetos;
- Acesso limitado ao crédito para pequenas empresas em países em desenvolvimento.
Mesmo assim, o blended finance permanece como uma ferramenta estratégica para preencher lacunas de financiamento em regiões vulneráveis e impulsionar o financiamento sustentável.
Riscos no setor financeiro não bancário
O FMI também apontou a expansão do crédito por canais não regulados como a maior ameaça atual à estabilidade financeira. O alerta é para o crescimento do chamado shadow banking, ou sistema financeiro paralelo, que opera fora da supervisão tradicional.
As principais recomendações do FMI são:
- Expandir o ambiente regulatório, para que riscos sejam mapeados com antecedência e se evite a necessidade de intervenções estatais em momentos de crise;
- Fortalecer arranjos contratuais como alternativas à insolvência formal, mas sem abrir mão de investir em sistemas judiciais especializados e eficientes.
Como destacou Tobias Adrian, diretor de Mercados Monetários e de Capitais do FMI, “soluções contratuais são úteis, mas não substituem o fortalecimento institucional.”
Caminho para a sustentabilidade fiscal
O objetivo final, segundo o relatório, é garantir que o próprio mercado consiga alocar riscos e custos de forma eficiente, sem transferir o ônus ao setor público. Isso contribui para a sustentabilidade das finanças públicas e reduz a probabilidade de resgates fiscais em futuras crises.
O Relatório de Estabilidade Financeira Global 2025 reforça que a resiliência econômica internacional passa pela ação coordenada, foco na regulação preventiva e adoção de mecanismos inovadores de financiamento. Em um cenário global cada vez mais complexo, esses princípios são fundamentais para preservar a estabilidade e promover o crescimento sustentável.
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Produzido por Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital